Um fim de semana com planos mas poucos...




"Um fim de semana com planos mas poucos..."

Sabem aqueles dias em que tudo está planeado, tudo fica desplaneado, tudo volta a ser planeado e a desplanear?! Lembro-me sempre do livro da Alice Vieira "Chocolate à Chuva" que li com cerca de dez anos e que começa assim: "Fizemos malas, desfizemos malas, abrimos o mapa, fechamos o mapa..." De cada vez que há viagens lembro-me sempre desta frase. Foi o que nos aconteceu. Tudo estava planeado, tudo se desplaneou e tudo se voltou a planear...

Há algum tempo que andava com vontade de um fim de semana como o que passou. E tudo esteve para não acontecer devido a outro plano, mas no final da semana tudo se proporcionou e aconteceu. Uff! Tinha em mente uma saída económica em todos os aspectos logísticos - que a coisa não está para grandes luxos- mas rica nos aspectos afectivos. Sentia que precisava de parar no tempo com o meu Guerreiro, só nós dois, sem grandes interferências e, planear um fim de semana que, ao contrário dos outros, não tivesse muitas actividades. Não sinto saudade do passado, nem estava a sentir que lhe andava a dar pouca atenção, nada disso. Sentia que queria estar a sós com ele e fora da rotina.
Não é fácil atender às malditas expectativas de Mãe/Pai, de Filho e de Sociedade na organização dos tempos em família. Muitas vezes sinto (especialmente depois do aparecimento das redes sociais e das partilhas de fotos) que toda a gente tem sempre actividades "giras e boas" e aqui a Mãe Sabura faz menos do que devia, ou não faz as mais espectaculares porque não se lembrou, por desconhecimento ou porque o orçamento não se ajusta ao nosso extracto bancário. Há dias em que isto pesa negativamente na nossa auto-confiança (dias esses em que ela própria anda abalada), mas há dias em que não afecta nada porque temos a certeza do que é mais importante para cada um de nós. Também não era o nosso caso. As "auto" estão em forma.  A única questão era: "fugir" com o meu companheiro de vida. E para mim, há muitos dias em que o importante é não fazer nada e não ter grande "show" à minha volta. O meu Guerreiro já se habituou a ter uma Mãe que, de vez em quando, gosta de não fazer nada (sem sentimentos de culpa), nada planear e de respeitar isto em si mesma. E aqui a questão não passa por achar que é bom ou mau ter dias assim, passa muito mais por respeitar o que possa apetecer a cada uma das partes (mães/pais e filhos). Dias em que se planeia porque eles/nós  querem/queremos, dias em que não se planeia porque nós/eles  não queremos/não querem. E este fim de semana eu planeei-o (em cima dos meus dois joelhos é certo) porque eu precisava.   Apetecia-me estar sozinha com o meu Guerreiro de Voz Branca.  E consegui. E as conclusões são muito boas...

- passar 48 horas fora de casa (não chegou a tanto) e no regresso o nosso corpo e nossa mente dizerem que passou, de certeza, uma semana

- no final do dia contarmos pelos dedos das duas mãos o número de coisas que fizemos

- não sentirmos ansiedade por estar a terminar um bom fim de semana

- sentirmos uma tranquilidade imensa 

-partilhar momentos, ceder, combinar, respeitar, conversar, perdoar, incentivar, conversar, explicar, descobrir, crescer, em suma... viver numa relação saudável, sem máscaras.

E porque é que partilho esta experiência?! Não para vocês comentarem ou acharem fantástico e bonito, não. Partilho porque às vezes é difícil encontrarmos opiniões que remem contra a maré das expectativas sociais e do que os outros esperam de nós enquanto mães/pais. Serve este texto para lembrar que é bom e possível fazer coisas de muita qualidade, com pouca quantidade. 




Q'ais Nadal, q'ais quê...

Water tenis

Water badminton (já começou a invasão das fotos aos pés!

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