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A mostrar mensagens de 2015

2016, que seja um bom Par de todos vós

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2015, ano Ímpar na morte de uma amiga, na doença de outra, na perca de colegas de trabalho, no avc da Verónica, no Tempo,  2015, ano Ímpar na entrega da tese, e no seu resultado em número par, na viagem, no amor, no afinar das verdadeiras ligações da minha espinha emocional, 2016, que seja Par de todos vós . Um bom par. Que o que saiu foi mau, e isso deverá tornar-nos melhor. Que o que saiu foi duro, e isso deverá tornar-nos mais fortes. Que o que saiu foi triste, e isso deverá tornar-nos mais felizes com o Presente Que o que saiu foi amargo, e isso deverá tornar-nos mais doces uns com os outros Que o que saiu fez ferida, e isso deverá ensinar-nos a escolher melhor Que o que saiu foi ímpar, e isso faz com que agora venha um Par, e que ele encaixe perfeitamente com a dança da Vida Que o que saiu foi ímpar, e o que vem é par e bissexto, e isso faz com que a soma e a divisão de todos os seus bondinhos ímpares dm um resultado Par Que o que saiu não foi um bom ímpar,

Desejos de Natal: Bolhas de alegria e não de sangue

Dia 5 de Novembro, cerca das quatro da manhã, Tomar. A Verónica acorda com uma violenta dor de cabeça na zona da nuca. Pede ajuda desesperadamente à mãe, não consegue falar com tanta dor, tenta dirigir-se à rua para apanhar ar mas não consegue. Apenas consegue agarrar-se à nuca, esbracejar e fechar os olhos. Os bombeiros são chamados ao local. Enganam-se na morada, mas chegam. Os sinais vitais estão bem, nomeadamente tensão arterial. Diagnóstico possível, um acidente vascular cerebral. Entrada no Hospital de Tomar (hospital que não tem especialidade de neurocirurgia ou cardiologia), a Verónica fica inconsciente. De ambulância é transferida para o Hospital de Abrantes (hospital que não tem especialidade de neurocirurgia ou cardiologia), é examinada por uma equipa médica e lá sofre o segundo avc. Em Abrantes dizem-nos que a Verónica sofreu o rebentamento de um segundo aneurisma. Rebentamento de dois aneurismas. Dizem-nos que vai ser transferida para o Hospital de São José, de helicópter

Enfermeiro Fernando, UCI Neurocirurgia, HSJ

... da visita médica de hoje... O Milagre não aconteceu, pelo menos para a minha prima, mas para mim bateu à porta uma espécie de Ser Extra esta Terra. Para alguns seria uma anjo, para outros uma benção, para mim um Ser de outro mundo que não o nosso. Ao iniciar a visita diária, nos Cuidados Intensivos da Neurocirurgia do Hospital de São José, fomos barradas à entrada por estarem em procedimentos clínicos com ela. Aguardámos uma hora. Entrei e o enfermeiro ainda terminava os procedimentos. Quando terminou, lavou as mãos e dirigiu-se à porta, antes de ele sair aproveitar para saber a quem me dirigir para saber informações clínicas do estado de saúde da 5. O enfermeiro disponibilizou-se na medida do que sabia. Um homem da minha altura, cerca de cinquenta anos, bem constituído fisicamente. Nunca o tinha visto. Já passámos por vários mas aquele nunca tinha visto. Aproximou-se de mim e junto à cama 5 estivemos a falar acerca da evolução do estado de saúde. Regra geral, todas a

A Morte Madrinha

Desde o dia cinco de novembro que anseio conhecer Aquele médico... O médico que engane a morte daquela paciente, a minha prima.  No dia cinco de novembro soube da notícia, dois aneurismas rebentaram. Nesse dia esta história voltou ao meu corpo. Quis reconstruí-la mas várias histórias me apareciam pelo meio. Falei com quem a sabia e me indicou o caminho até ela. Na minha de Literatura para Crianças e Jovens quis contá-la, mas a mente e o corpo estavam tão desnorteados que apenas consegui lê-la às minhas alunas. Assumi que a iria ler e não contar, como devia acontecer, porque precisava que rapidamente ela saísse de mim. Assim fiz. Li às minhas alunas o conto tradicional da Morte Madrinha, uma recolha dos irmãos Grimm. E passaram mais duas aulas e ela voltou a ser a minha oferta para o momento da "Leitura gratuita". Ela estava, e continua a estar, tão presente em mim que não valia a pena "tocar" em mais nenhuma. As histórias só podem acontecer desta forma, com

Frase Sabura

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A morte vive grávida de Tempo

Sinto-a a pairar e a querer ficar. Imagino-a a aguardar pacientemente, sentada num banco, de costas curvadas, pé assente na trave do banco, mãos a segurar o queixo Imagino-a de rosto sofrido e pele enrugada pelo excesso de vida que tem,  olhar sereno. Por vezes de passo indeciso, outras tão decidido quanto o seu ser. Imagino-a em longas conversas tentando seduzir quem lhe resiste... quem caminhou todo o Tempo sem nunca dela se lembrar quem fez da vida o seu maior Presente. A morte vive grávida de Tempo  todos os dias gera novos filhos. Nenhum deles o deseja ser mas todos somos filhos dela também Vivemos em caminho, nunca esperando. A morte nunca caminhou na passadeira vermelha, ao contrário de nós que pudemos avistar tanta paisagem fazer tanta paragem e viver cada minuto...   como se ele  fosse esse último.

Como explicarias ao teu filho se fosses tu o refugiado?

Daquelas horríveis imagens do nosso século já pensaram que não fizeram mal a ninguém e têm de deixar tudo o que conquistaram em toda a vida e, fugir ... pensem em tudo o que têm neste exacto momento e imaginem-se sem ele não fizeram mal a ninguém e têm de fugir de tudo ... pensem em como se sentem quando são vítimas de alguma injustiça que naturalmente vos revolta, agora imaginem-se com esta injustiça às costas  não fizeram mal a ninguém e arriscam-se a morrer na fuga. Arriscam a sua vida e a dos que amam ... pensem no que fariam, no pânico que vos assolaria, na forma como o fariam, na forma como protegeriam os vossos filhos, na ausência de um colete salva vidas, ou da escolha entre uma vida ou outra...  Em pleno século XXI não há grandes vantagens, para a humanidade, em aqui ter chegado, sobretudo no que toca ao humanismo com que nos relacionamos. Daquelas horríveis imagens do nosso século,  penso  E se fosse eu a ter de fugir? E  se eu tivesse de toma

Regressar de férias é-me tão mau quanto o tempo da sua espera...

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Regressar de férias é-me tão mau quanto o tempo da sua espera... Antes de sair ando cansada, exausta, com dores de corpo, a contar dias e horas para partir. Quero abandonar tudo o que não é verdadeiramente meu. Saio e depois ali fico, durante dias a fazer unicamente e verdadeiramente o que é meu. A cuidar dos meus quereres, das minhas necessidades, das minhas relações pessoais. Ali fico para o que me é Amor. E este é o tempo onde reuno o melhor da minha vida, não ter obrigação em relação ao que não me é nada, ou que pouco me é.  Ali fico com Tempo, 80% para mim e 20% para logística. E sou feliz, muito feliz nessa minha gestão. Haja muito ou pouco dinheiro certo é que nada consegue pagar-me a "não obrigação exterior". Obrigo-me unicamente a inventar locais de férias para estar e a logística que isso requer. O resto é Tempo útil para mim e para as minhas relações. E isto faz-me sempre pensar que devo andar trocada nas voltas da vida. Vinte e dois úteis assim, c

... quando a morte bater na porta ao lado da vossa

... e quando ela bater na porta ao lado da vossa nao digam a quem ficou que é preciso ter força  nao digam para ter coragem nao digam que foi o melhor nao digam que a vida continua nao digam que chegou a hora de apoiar quem fica nao digam nada ou digam, mas sem abrir a boca, abram antes os braços abram um sorriso abram o ceu negro e sejam luz e calor, nao digam pêsames digam que estão triste pela perda nao digam os meus sentimentos, digam que estão ali por amor ou nao digam nada,  porque quem fica deixa de ter coragem deixa de ter força deixa de querer vencer deixa de acreditar deixa de estar deixa de perceber deixa de existir no todo que foi até então e tem direito a não comer naquele dia a não falar a não atender a não esperar a não sorrir a não estar a não aceitar a não querer, porque quem fica, fica sem parte e parte para lugar nenhum, fica com  vazio e esvazia-se de tudo, quando a morte bater na porta ao

(de/para quem conhece a sensação de estar longe dos nossos filhos e do seu regresso...)

Chegar basta. Um chegar que faz com a vida comece a surfar na onda. Tudo o que existe de exterior a mim, e que seja negativo, desaparece. E fico com ele, num espaço e num tempo, que mais ninguém conhece. Num espaço ausente e num tempo parado. Chegar basta. Um chegar que às vezes vem meio apressado e despenteado mas que, quando acontece, tem a força de parar o tempo e de pentear pacientemente o final do dia. E fico com ele, chamado-o aos meus olhos, e fazendo-os parar um segundo infinito. Chegar basta. Um chegar às vezes mais cansado e refilão do que o habitual. E fico com ele, a acolher as queixas ao mundo, as injustiças da vida, a má sorte que tem, e elas vão-se dissipando no meu colo. Chegar basta. Um chegar marcado há um dia que é recebido com normalidade. E fico com ele, com essa normalidade, que é um lugar de paz. Chegar basta. Um chegar de há uma semana que é recebido com todas as forças físicas que temos. E ali ficamos nós em abraço apertado, em inalações prof

Congresso MEM, Lisboa 2015... eram só Mariazinhas!

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No tempo "Crático" que temos vindo a atravessar onde as escolas, os professores e as famílias são colocadas na bitola da economia e não da educação, há um conjunto de pessoas Educadoras que se mantém firme e que continua a acreditar.  Refiro-me à Associação do  Movimento da Escola Moderna "uma associação que se assume como um movimento de cidadania democrática de professores, os quais decidiram fazer da sua profissão uma actividade de intervenção nas escolas" (Sérgio Niza). E é bem verdade. O MEM português este ano faz 50 anos e, por estes dias, realiza no Instituto de Educação o seu 37º Congresso.  Ontem fui assistir ao teatro/momento lúdico preparado pelos responsáveis das regionais. E lá estava a Madeira, os Açores, Vila Real, Algarve, Évora, Setúbal, Lisboa, Porto, Tomar, Seixal/Almada... umas dezenas de pessoas que, após um ano duro de trabalho, ainda tem a coragem e a força de, não só preparar um congresso desta envergadura, como também de montar

Expo 2015 - Lisbon South Bay

É sempre difícil o exercício de olhar para dentro e de perceber, nas entranhas, o que por lá se passa.  Sentir a emoção, identificar, olhar, perceber e não julgar.  Ter tempo para o fazer é uma tarefa sempre difícil.  É mais fácil sentir e colocar na prateleira à espera de mais tempo, ou ignorar. E os dias passam a correr e nas prateleiras vão-se amontoando pequenos  bibelôs (ou ficam para sempre vazias quando nem sequer conseguimos sentir o que quer que seja)... o bibelô dos "fornicoques" que nos causa a reacção daquele colega; o bibelô da ansiedade provocada pela não-resposta; o bibelô do medo provocado pela rejeição; o bibelô da neura-cerebral provocado pela falta de educação dos outros e por aí adiante. Entretanto já enchemos umas quantas prateleiras que ficarão a ganhar pó e, por onde, de vez em quando, passaremos os olhos, suspiremos e pensemos "um dia volto aqui com tempo e limpo tudo isto, agora tenho pressa". E ali ficam elas a carregar com o

Tempo passado, presente, futuro

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... e há dias em que se sente o peso do mundo entre o topo da cabeça e a cintura escapular. dias em que não se consegue endireitar as espinhas, aproximar as omoplatas, ou abrir a caixa torácica. daqueles dias em que se soma tudo o que é menos bom, a conta bancária, o local de trabalho, a casa, as distâncias, os projectos, o futuro, o presente e, o melhor somatório é conseguido quando se acrescentam algumas parcelas do passado. dias em que, olhar para alguns momentos do passado, permite descansar do presente e abolir o futuro. não sendo do género saudosista gosto de desenrolar a memória nas imagens do passado, quase como voltar aos álbuns em formato de papel, mas de momento que nunca foram fotografados.  não se trata de uma "viagem na maionese", essa faz-se sempre no caminho para um futuro, mas sim, uma viagem com origem no agora e destino no antes.  um antes que mesmo agora permanece desconhecido. Olhar o passado a partir do presente é ser espectador em plate

Há uma geração de gente que não foi amada, foi criada

Há uma geração de gente mal amada e mal amanhada.  Há uma geração de gente mal cozida no colo dos seus pais, e mal cosida com as linhas que unem e tecem o amor.  Há uma geração de gente que não foi amada, foi criada. Há uma geração que não sabe amar, sabe criar.  Há uma geração de gente que sofreu muito por conseguir e que faz sofrer para conseguirem. Há uma geração de gente que não recebeu colo, e por isso não o sabe dar. Há uma geração de gente que não ouviu, e por isso não sabe dizer. Há uma geração de gente que não falou, e por isso não sabe falar. Há uma geração de gente que tem sede de poder, e por isso só bebe dessas fontes. Há uma geração de gente que não gosta de si mesma, e por isso não consegue gostar de mais ninguém. Há uma geração de gente que sempre precisou de alguém, e por isso pensa que todos precisam dela. Há uma geração de gente que nunca olhou para si mesma, e por isso é incapaz de olhar para os outros. Há uma geração de

Há gente que diz que não devemos voltar ao sítio onde fomos felizes. Não concordo.

Do inesperado da vida Diz-se que não devemos voltar ao sítio onde fomos felizes. Não concordo. Não concordo, desde que consigamos levar uma bagagem diferente daquela que anteriormente levámos. Não adianta voltar ao mesmo sítio, seja ele qual for, tenha ele o tamanho que tiver, esteja ele onde estiver, carregando as memórias passadas e as expectativas futuras porque ele já não existe. Tudo estará diferente. O mundo já girou mais umas voltas, o sol e a lua já se beijaram umas quantas vezes mais. Adianta voltar ao lugar onde fomos felizes, se pensarmos que será um novo lugar.  Já me desiludi (somente porque me iludi) algumas vezes, quando tinha menos Outonos no corpo, querendo voltar ao mesmo lugar. Hoje, não. Sei que não é possível voltar ao mesmo lugar, onde já fui feliz. Eu estarei diferente, ele também. Por isso, volto ao sítio onde já fui feliz.  

Há dias ao contrário

Há dias ao contrário quando acordas de manhã, levas o teu filho ao teu surf, apetece-te por tudo ficar mas não podes... devia ser ao contrário quando visitas uma amiga, na cama de um hospital e vês o que não queres... devia ser ao contrário quando percebes, finalmente, a razão pela qual a carta nunca chegou, porque alguém trocou o lugar do destinatário pelo do remetente... devia ser ao contrário quando recebes uma carta, escrita com tinta de esferográfica e muito amor, e o envelope foi escrito de pernas para o ar... devia ser ao contrário quando fazes contas caseiras orçamentais e, em vez de sobrar, falta...  devia ser ao contrário quando uma ceramista te dedica um poema, e tu nunca conseguirás dedicar-lhe uma peça em cerâmica... devia ser ao contrário  ...  finalmente, e contrariamente ao que estava previsto, quando o fim de semana é alterado, fica ao contrário, e tu passas a poder entregar-te a dois braços... o contrário deu certo e o dia acab

A Moral da História ... "Era Uma vez um dia normal de Escola"

A expressão "moral da história" sempre me fez comichão nos intestinos... é daquelas expressões que, ao que me consta na memória da pele, deve ter sido bastante pronunciada perto de mim. Sinto que a mesma me tenha sido dita, por diversas vezes, por gente adulta e com um ar severo.  Cresci a frequentar a religião católica, faltando-me apenas dois sacramentos no passaporte cristão. Cresci com assiduidade na disciplina de "religião e moral" e, nela, com excelentes professores. Cresci a ouvir um dos melhores mensageiros da igreja, o Padre Janela, que me marcou um dia ao dizer, perante a sua audiência dominical, que não voltaria a desfazer a sua barba enquanto não conseguisse o seu objectivo... cresci eu com ele, e as suas barbas nele. Era um homem de palavra e de acção. Cresci no movimento escutista. Cresci sem grandes desvios na vida. Mas tenho cá para mim que, dentro deste conjunto, o meu crescimento tenha sido marcado pela carga negativa dada à palavra &quo

Os mês meninos d'oiro, ou, do dia do Planeta do Amor

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Depois de um ano lectivo, a começar de forma muito dorida e a manter-se com muitas pedras no caminho... o final quase à vista. Para quem é professor o ano passa a ser o lectivo, e não o civil. Regemo-nos de Setembro a Junho com os nossos alunos. O Julho serve para avaliar, reflectir, repensar, reorganizar... tudo no final das forças. Hoje, com muito orgulho, uma das minhas turmas apresentou o trabalho de final de ano. A meio do segundo período começámos a construir uma história, e foi essa mesma que apresentámos hoje. Não tenho jeito para encenação ou figurinos, nem tenho jeito para "crianças-marioneta" em palco. As minhas produções são sempre a apresentação de uma história. A deste ano foi especial. Uma turma com 2º e 3º ano, alguns repetentes, e muitos que foram desistindo a meio.  Hoje eram somente oito no palco. Mas com todo o trabalho feito. Elas, zangadas porque não estavam pintadas, arranjadas, trajadas... eles, (dois) nervosos. A história chama-se &qu